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Rodoviária de Brasília

Rodoviária de Brasília

Uma releitura do texto de Lucio Costa, nos trechos onde ele trata da Rodoviária leva-me a entender que seu propósito para aquela obra, estruturadora do espaço urbano, era de um local de intensa atividade.

A contiguidade com os Setores de Diversões, Norte e Sul, e com os setores Culturais deveria criar uma atmosfera que transpirasse interação cultural e lúdica. Ele, Lucio Costa, chega a exemplificar com “Piccadilly Circus, Times Square e Champs Elysées”, ícones de locais de vivência na época em que o Plano Piloto foi elaborado.

Hoje temos outra realidade – A Rodoviária mantém a importância dada por seu idealizador, tendo, entretanto, perdido muito do brilho por ele antevisto. A plataforma superior tem duas praças: uma em frente ao Conjunto Nacional e a outra em frente ao Setor de Diversões Sul, o “Conic”. Pouco destas praças é utilizado pela população. Apenas os dez metros próximos aos edifícios mantêm alguma vivencia com pessoas nos bancos existentes. Seria de se esperar que ali estivessem pintores expondo suas obras, músicos e atores fazendo apresentações, enfim o espaço é próprio para este tipo de atividades.

As áreas edificadas da Rodoviária foram tomadas por lojas e quiosques que, embora de serventia nada têm a ver com aquele espaço central de passagem e vivência. Os quiosques e lojas de variados produtos tomam a circulação em prejuízo dos usuários. Há até um verdurão na plataforma inferior. Prejudica a visualização da sinalização indicativa das linhas de ônibus.

É interessante comparar o tratamento dado aos espaços na Estação Rodoviária e na Estação do Metrô a ela vinculada. Na primeira as paredes apresentam-se tristes, sujas; no Metrô tudo é limpo e claro, a iluminação é adequada. Na área administrada pela Rodoviária tem quiosque até o o limite da administração do Metrô onde a circulação é priorizada. Na área do Metrô há preocupação com as pessoas com dificuldades de locomoção o que não se vê na área administrada da Rodoviária. A este respeito é de se perguntar se seria desejável que o embarque de cadeirantes e os demais se desse á altura do piso dos ônibus na Rodoviária.

Voltando á questão das lojas que hoje estão nas plataformas de embarque, creio que elas poderiam ficar em um mezzanino contruído ao longo das plataformas liberando o piso para os traseuntes.

Enfim depois das inúmeras reformas, algumas incabadas, o ideal seria elaborar um projeto que permitisse recuperar o clima proposto por Lucio Costa dando á Capital Federal e especialmente à população que dela se utiliza, uma Rodoviária a altura do que é merecido e desejado.

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Sobre
Eustáquio Ferreira

Arquiteto pós-graduado em Administração, escritor e blogueiro.

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