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Notas do IDEB no Distrito Federal

As crianças e jovens, filhos das primeiras famílias de operários e servidores que chegaram a Brasília em 1957, passaram a ser preocupação para o médico Ernesto Silva, Diretor do Departamento de Educação e Difusão Cultural da Nova Capital.

Ernesto Silva buscou no educador Anísio Teixeira, então diretor do INEP, a orientação para o desenvolvimento do sistema escolar da Nova Capital do Brasil. Em 1961 foi publicado na Revista de Estudos Pedagógicos o Plano de Construções Escolares de Brasília.

Aquele Plano, segundo seu autor, Anísio Teixeira, obedecia ao propósito de abrir oportunidade para a Capital Federal oferecer um conjunto de escolas que pudesse constituir exemplo e demonstração para o sistema educacional do país.

Durante os primeiros anos, Brasília, de fato, pôde ser exemplo. Com o passar do tempo e com a pouca vontade política com a educação, com poucos recursos para o ensino, sua qualidade foi caindo, resultado de gestões calamitosas. As escolas que até então eram construídas a partir de projetos de arquitetos renomados, passaram a ser feitas de lata, em total desrespeito às crianças e aos educadores.

As escolas de lata foram substituídas, mas a preocupação com o ensino público foi arrefecendo. A qualidade do ensino decresceu e as escolas públicas foram sendo abandonadas pelas famílias de classe média alta. A exemplo disso, as escolas de Ensino Fundamental do Lago Norte atendem, na quase totalidade, aos moradores do Varjão. Mesmo no Plano Piloto algumas escolas atendem alunos de Cidades Satélites.

A publicação dos índices do IDEB serviu de alerta para a perda de qualidade do ensino que um dia pretendeu ser exemplo para o país. Uma breve olhada na distribuição das notas nos mostra que as escolas do Plano Piloto, melhor equipadas alcançaram os melhores índices. Quanto mais carente de apoio e de recursos é a escola, piores são as suas notas. Essa situação penaliza os jovens da periferia a receberem uma formação desigual.

As notas da escolas particulares, onde se refugiam as famílias de classe média, têm segundo os especialistas, seus índices mascarados. A prova não é feita por todos os alunos, somente por aqueles indicados pelas direções daquelas escolas. Assim, parece que seu rendimento é melhor. A educação de qualidade é pressuposto para o desenvolvimento do país. As escolas não podem ser negligenciadas.

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Sobre
Eustáquio Ferreira

Arquiteto pós-graduado em Administração, escritor e blogueiro.

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