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Dá um Trocado para um Café

A pessoa, ao andar pela cidade ou estar nas cercanias, em bares ou restaurantes, nos horários próximos ao do almoço, em geral se expõe à súplica de alguém que se aproxima com o corpo curvado, em sinal de submissão, expressão de dor e constrangimento no rosto, quando pede: “dá um troco para tomar um café”.

A literatura registra situações correlatas ocorridas em tempos e locais distintos. O inglês Eric Arthur Blair, mais tarde conhecido com George Orwell, publicou em 1933 o livro Na Pior em Paris e em Londres, onde relata a experiência que se submeteu para conhecer a miséria que recaia sobre a população no período entre guerras na Europa.

Marc Boulet, jornalista francês, escurece a própria pele e se caracteriza como indiano, um dalit, para relatar como vive a mais baixa casta, tida como impura. Seu livro, Na Pele de um Dalit, 1994, causa forte impacto entre os ocidentais.

Carolina de Jesus, favelada em São Paulo, catadora de papel na ruas, publicou em 1960 o livro Quarto de Despejo, que vendeu mais de 1 milhão de exemplares. Relatos de sua luta para sobreviver do lixo, convivência nas ruas, relações com vizinhos, com a cidade.

A miséria circundante nos embrutece e nos faz sentir incomodo com a aproximação de um pedinte. Também incomoda o número crescente de vendedores, inclusive crianças que invadem os restaurantes com ofertas de pano de prato, e quinquilharias diversas. O crescimento da economia parece não alcançar essa população cada dia mais pobre.

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Sobre
Eustáquio Ferreira

Arquiteto pós-graduado em Administração, escritor e blogueiro.

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