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Tragédia Social

Almoçamos fora. Antes que terminássemos a refeição caiu uma chuva forte. Nos sentamos próximo à janela, em busca de uma área ventilada e que permitisse esperar pelo término da chuva. Ficamos ali poucos minutos. Foi o tempo suficiente para sermos abordados por três pessoas em vulnerabilidade.

Um deles portava uma caixa de engraxate e aparentava 14 anos de idade. Não chegou a oferecer seus serviços. Pediu dinheiro, precisava. O segundo disse que tinha filhos para alimentar e não conseguia trabalho. Pediu dinheiro para comprar alimentos.

O terceiro apresentava debilidade. Disse que estava faminto e pediu uma marmita. Enquanto preparavam sua comida sentou na calçada junto à parede do restaurante. Chegou a adormecer. Comeu ali, sentado ao chão.

Em metade dos semáforos que paramos, em toda a cidade, havia sempre alguém com um cartaz, feito de papelão, onde aquele que o portava relatava suas desventuras e pedia algum dinheiro para minorar suas dificuldades. Em geral são homens que aparentam saúde, mas relatam o desemprego e a ausência de qualquer renda.

Dias atrás órgãos da imprensa deram destaque a ação do Padre Lancelotti em São Paulo. Ele usara uma marreta para remover blocos de concreto assentados sob os viadutos com o propósito de impedir que moradores de rua pudessem dormir ali. As pessoas precisam de trabalho e renda. Não podemos aceitar a miséria de parte da população como normal.

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Sobre
Eustáquio Ferreira

Arquiteto pós-graduado em Administração, escritor e blogueiro.

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