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A Esplanada não Permite Monumentos nem Barracas

O projeto de Oscar Niemeyer, Memorial dos Presidentes, foi motivo de recente debate em Brasília, o que transformou a cidade em palco de discussão que envolveu pessoas de todas as profissões, moradoras de todas as localidades, especialistas, jornais, televisão, rádio e internet. Debate apaixonado, como tem acontecido com assuntos que envolvem a cidade.

O projeto do arquiteto previa a construção, na Esplanada dos Ministérios, de uma grande praça de concreto, com estacionamento subterrâneo para três mil veículos, contendo na superfície um edifício curvo, o Memorial, oposto a uma torre de mais de cem metros de altura – Monumento ao Cinqüentenário. O projeto foi rejeitado apesar do anúncio de que o governo local teria se disposto a construí-lo. Entre outras razões, a rejeição ocorreu sob o argumento de que o

Monumento iria interferir na paisagem tombada, em especial na vista do Congresso Nacional para aquelas pessoas que estivessem na Plataforma da Rodoviária, ou outro local situado nas cotas acima.

Curiosamente tornaram-se rotineiras as construções na Esplanada para receber diferentes eventos. Quem passa por lá percebe que no espaço onde o arquiteto Oscar Niemeyer propôs aquele monumento há sempre algo construído. Ora para um show, uma manifestação, uma exposição etc.

Recentemente aquele espaço foi ocupado por várias barracas de plástico branco, algumas baixas, outras mais altas, circulares, retangulares, enfim, de varias formas. Em frente à Catedral vê-se um palco de formato retangular e à sua volta postes de concreto com luminária que em nada combinam com o local. Em redor destas construções os gramados foram transformados em pistas e estacionamentos e estão totalmente danificados.

Espera-se que os gramados e as calçadas sejam recuperados, mas ao colocar ali os veículos, atitude que vem sendo sempre evitada, causa a preocupação de que isso possa se tornar um hábito e que os condutores se sintam encorajados a transformar a Esplanada em um grande estacionamento a céu aberto. Seria o fim daquela área gramada, monumental, que compõe o conjunto formado pela vias, os edifícios e o gramado central.

Permitiu-se que a Esplanada fosse transformada em Feira Permanente, com sucessivos eventos, que são substituídos imediatamente por outros. Por esta razão pode-se dizer que a paisagem foi comprometida no ano em curso. Impossível fazer uma foto do Congresso sem que aquelas barracas não estejam presentes. Também tornou-se impossível ver o gramado central composto, pois sempre está ocupado ou em recuperação.

Estas exposições e eventos, embora bem vindos, poderiam ficar entre o Teatro Nacional e o Ministério da Indústria e Comércio. Aquele espaço, uma vez nivelado, tem área suficiente para receber os eventos que têm ocorrido nas proximidades. Sua localização tem as mesmas qualidades das áreas que vem sendo utilizadas com a virtude de não interferir na paisagem ou nos equipamentos da Esplanada.

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Sobre
Eustáquio Ferreira

Arquiteto pós-graduado em Administração, escritor e blogueiro.

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