A Vila Olímpica Pode Ser Aqui ao Lado
A cada quatro anos renovam-se as esperanças de um melhor desempenho do Brasil nos jogos olímpicos. O país se mobiliza em apoio a seus atletas, mas ao final constatamos que não basta a nossa vontade. O esporte é uma atividade que exige trabalho continuado, com seriedade, infra-estrutura e técnica.
Quando da realização da última olimpíada havia a certeza de alcançarmos as potências olímpicas, afinal havíamos realizado dois anos antes os Jogos Pan-americanos, preparatórios para a Olimpíada. Ao final constatamos que não havíamos melhorado em relação aos demais jogos.
O Governo tem se empenhado em trazer para o Brasil a realização das Olimpíadas de 2016, daqui a oito anos. Os países que sediaram as últimas olimpíadas tiveram bom desempenho e se juntaram ao pelotão dos campeões de medalhas. Fora o manifesto desejo de sediar os jogos, não se tem visto um especial esforço em preparar o país para disputá-los em condições de igualdade com outros países.
Há por parte do governo local a intenção de instalar Vilas Olímpicas em várias localidades do Distrito Federal. Destaco que, em momentos anteriores, Administrações Regionais obtiveram excelentes resultados ao estabelecer convênio com a antiga Fundação Educacional para formarem e treinarem equipes em várias modalidades esportivas, levando-as à elite do esporte do DF e enchendo de orgulho e sentimento de realização uma geração de atletas locais.
Revisitando o Relatório do Plano Piloto, de Lucio Costa, encontramos ao final do Item 16 a seguinte expressão que trata das áreas residenciais:
[quote style=”1″]Na confluência das quatro quadras localizou-se a igreja do bairro, e aos fundos dela as escolas secundárias, ao passo que na parte da faixa de serviço fronteira à rodovia se previu o cinema a fim de torná-lo acessível a quem proceda de outros bairros, ficando a extensa área livre intermediária destinada ao clube da juventude, com campo de jogos e recreio (Lucio Costa, 1957).[/quote]
As áreas designadas por Lucio Costa como clube da juventude tornaram-se Clubes de Unidade de Vizinhança. Daqueles propostos pelo urbanista somente o da quadra 109 foi implantado. Há outro na L2 Norte, em área não prevista no plano inicial. Aqui e ali vemos quadras esportivas isoladas e há até uma área onde se pratica o Tai Chi Chuan. A cada conjunto de quatro quadras há uma extensa área destinada a esportes e que não está ocupada. Imaginem estas áreas transformadas em praças esportivas, e oferecendo diversas modalidades de praticas. Não haveria necessidade que cada uma delas contivesse todas as modalidades. O atleta sempre poderia se deslocar até a área próxima onde encontraria o seu esporte predileto.
Deve-se, também, levar em conta o conjunto aquático e poliesportivo existente ao lado do autódromo. Ali poderiam ser desenvolvidos os esportes de alto desempenho voltados para competição. Seria desejável estudar a possibilidade de convênios com clubes esportivos que já dispõem de equipamentos e que com o apoio de profissionais poderiam formar uma geração olímpica pronta a bem representar o país.
Pode-se fazer ainda duas outras considerações não menos importantes a respeito destas áreas que o gênio de Lucio Costa nos legou. Primeiro a questão da saúde dos moradores das quadras. É sabido que eles têm o hábito de se exercitarem caminhando nas calçadas que as margeiam. A disponibilização de equipamentos apropriados elevaria as condições para as práticas esportivas e conseqüentemente a saúde dos habitantes. A segunda de repercussão no patrimônio de nossa cidade. Não há como evitar que grupos especuladores olhem aquelas áreas com os olhos da cobiça e que já não estejam tentando privatizá-las em proveito próprio.
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