Aeroporto versus Rodoviária
Sexta-feira passada, 5 de setembro, fui surpreendido ao entrar no túnel que liga o saguão do aeroporto aos portões de embarque. Encostado a uma das paredes havia sido colocado um quiosque para venda de chocolate. Pela manhã lá estavam alguns funcionários do quiosque somente. À noite, quando voltei, haviam sido colocadas algumas cadeiras e umas duas pessoas estavam sentadas ali.
Lembrei-me do livro “O Perfume”, de Patrick Suskind. Ele relata que as pontes do Rio Sena tinham as laterais ocupadas por lojas que vendiam de tudo, inclusive perfume. Estas lojas, segundo o autor, teriam sido levadas pelas águas em uma enchente e não teriam podido retornar depois.
Houve em Brasília um governador que ao propor uma reforma para a Rodoviário do Plano Piloto prometeu “fazer dela um aeroporto”, isto é, um lugar limpo, organizado, com circulação desimpedida, com elevadores e escadas rolantes funcionando. Enfim, pretendia levar ao povo o conforto destinado a classe média.
Não foi o que ocorreu. Quando a reforma prometida foi concluída a Rodoviária apresentava os mesmo problemas anteriores. Sujeira por todo lado, quiosques e lojinhas tomando toda a plataforma de embarque, a circulação comprometida pelas lojas e quiosques, falta de sinalização etc.
Pouco tempo atrás uma jovem estrangeira e desavisada quis usar o sistema de transporte coletivo do Plano Piloto, como acontece com todos aqueles em viagem, em qualquer país civilizado. Ficou horrorizada e disse que a rodoviária era assustadora. Aquilo que os nativos são obrigados a vivenciar, para ela era mais que inaceitável, era um risco.
Fiquei imaginando a quem a administração do aeroporto estaria atendendo, autorizando a colocação de um quiosque no túnel de acesso aos portões de embarque, fora das áreas previstas para tais lojas. O mais adequado é retirar os quiosques do aeroporto e da rodoviária para liberar a circulação dos usuários.
4 Comentários