Exemplo para o Brasil?
O ex-presidente Juscelino Kubitschek, com sua fé inquebrantável, antevia, nos anos 60, uma Brasília exemplar, modelo para o Brasil do futuro. Assim ela foi concebida e assim foram construídos os palácios, os prédios que abrigariam os poderes, as habitações, os comércios, os sistemas viários, de abastecimento, de coleta e tratamento de esgotos, de abastecimento de energia elétrica, os planos de educação, de atendimento de saúde, de segurança e até o sistema de coleta e tratamento dos resíduos sólidos.
Nem tudo correu como Juscelino esperava. Assim como todos os organismos que não contam com mecanismos de ajuste permanente tendem a entropia, a administração do Distrito Federal a partir dos anos 90 deixou de se orientar por aquele propósito de Juscelino de fazer de Brasília um exemplo de cidade planejada, a ser copiada pelas demais.
Dias atrás, uma pessoa que teve participação na alta administração do Distrito Federal, em uma referência ao modo como apareceu o Lixão da Estrutural afirmou que ali havia um depósito clandestino de lixo, razão pela qual o governo teria passado a lançar naquele local, a céu aberto, todo o lixo da cidade.
Melhor seria dizer que o Lixão da Estrutural nasceu da incompetência e irresponsabilidade do Governo que frente ao esgotamento da capacidade da Usina Central de Tratamento Lixo da Ceilândia nada fez para enfrentar a situação.
A tecnologia de aterro sanitário que hoje apresentam como solução para o Distrito Federal já era conhecida à época. Vale lembrar que o Shopping Center Norte foi construído na Vila Guilherme, São Paulo, em 1984. Tudo indica que os construtores não sabiam que o terreno era um aterro sanitário. Em 2011 o aterro passou a apresentar problemas, a emitir gás metano, gás que pode inflamar e causar explosões.
O Governo do Distrito Federal tem um projeto de implantar um aterro destes no DF. Trata-se de tecnologia superada de alto custo pois pressupõe o manejo de tal aterro por 50 anos e ainda tem alto risco de contaminar o solo e as águas subterrâneas.
A coleta e destinação final de resíduos sólidos envolve muitos interesses. Interesse das empresas de coleta, de tratamento, das que adquirem os materiais reutilizáveis, dos catadores de material reciclável e principalmente da sociedade que quer uma cidade saudável, sem danos ao meio ambiente e sem a situação desumana do lixão.
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