Ganância e Saúde Pública
Ele tem 61 anos, usava uma roçadeira, daquelas que se pendura no ombro, e tem um histórico de um enfarto que resultou em uma angioplastia e em um “stent”. Quando veio a dor no braço e no peito os familiares entenderam que era um novo infarto. Correram para o hospital em que havia sido atendido anteriormente. Lá haviam dito que “quando precisasse voltar o atendimento seria pelo SUS”.
Ao chegar, foi informado que a consulta seria particular – mudou a administração. Os parentes foram informados, pelo financeiro, que o paciente teve um pré-infarto, o estado era grave. Foi expedido um laudo que continha o diagnóstico de “angina instável – procedimento: exame invasivo, cateterismo e internação intensiva”. Dependendo do cateterismo seria ou não indicada nova angioplastia por R$ 30 mil mais os imprevistos.
A família não tinha esse dinheiro. Recorreu ao SAMU que disse não poder removê-lo antes que houvesse vaga em uma UTI. Os familiares procuraram a Defensoria Pública para obter uma liminar. O hospital foi notificado, o paciente seria atendido pelo SUS.
Quando a família voltou ao hospital o paciente já não estava na UTI. Foi informada que seu quadro era estável e que ele seria submetido a um procedimento não invasivo, que resultou no diagnóstico de que as dores eram resultantes do esforço continuado e do peso sobre o ombro. A família pagou R$ 3.400,00 e ele foi liberado. Durante a internação notou-se que os alimentos continham no invólucro um adesivo com o texto “paciente do SUS”.
A população brasileira paga anualmente quase R$ 80 bilhões de reais anualmente ao sistema privado de saúde que somados ao gasto pelo SUS pagaria um bom atendimento. Pacientes e profissionais de saúde estão insatisfeitos com o modelo atual. O povo do Canadá, em plebiscito, decidiu que todo atendimento à saúde seria público. Lá a população é atendida com respeito. Aqui é apenas comércio. É hora de mudar o modelo no Brasil.
1 Comentário