Hospital Sírio Libanês em Brasília
Nesta semana veio a público um certo descontentamento de uma entidade representativa das empresas donas de hospitais privados. Segundo a entidade, as empresas estariam se sentindo ameaçadas com a possível concessão de uma área destinada à construção de um hospital pelos proprietários e nos moldes do Sírio Libanês de São Paulo.
A alegação contrária à iniciativa do Governo do Distrito Federal em oferecer o terreno para a construção do Sírio Libanês em Brasília remete-se ao fato de o GDF enquadrar o preço do terreno no programa de incentivos aos investimentos e à geração de emprego.
Essa alegação soa inapropriada vez que sabe-se que todos os hospitais privados, sem exceção, foram construídos em terrenos adquiridos a preços incentivados. Todos foram ofertados em condições especiais por entender o governo que se trata de atividade de relevância social e que, portanto, mereceria o apoio da administração local.
Há por traz dessa contrariedade manifesta por representante dos donos de hospitais privados uma outra questão: a questão do aumento da oferta de serviços hospitalares e da concorrência entre os prestadores daqueles serviços. Sabe-se que, em muitos casos pessoas em situação de risco de saúde não conseguem uma vaga de UTI. Alguns chegam a recorrer ao judiciário, mas nem mesmo de posse de liminar conseguem vaga.
A presença de um novo hospital de referência, de grande porte irá mexer com o mercado. A possibilidade de ser atendido por outra unidade hospitalar poderá levar os pacientes a buscarem melhores condições de atendimento ou de preços.
A alta concentração da propriedade dos hospitais em Brasília fez com que fosse aberto processo de avaliação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE por suspeita de monopólio na prestação de serviços. Houve recomendação de que certa rede viesse a vender parte deles para evitar que uma só empresa fosse dona da maioria dos hospitais e clinicas. Corrobora com a iniciativa do CADE o fato de que vários planos de saúde deixaram de atender a capital em razão dos preços cobrados aqui.
Independente da alegação de que o preço do terreno estaria extremamente baixo, há outra questão que poderia ser melhor avaliada. O local para a construção do hospital, segundo divulgação, seria em frente ao Park Shopping. Trata-se de local de difícil acesso, apesar de estar do lado de uma estação do Metrô. Quem busca um hospital não usa transporte público, vai de carro ou ambulância, ali em certos horários é inacessível.
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