Tragedia da Exclusão Urbana
Segunda-feira, dia 30 de maio à noite, o número de mortos em decorrência das fortes chuvas na Região metropolitana de Recife somava 91 pessoas. Outras 26 estavam desaparecidas. A última tragédia levou a mídia correlacionar os seguidos desastres que ocorreram em todas as regiões do país à exclusão imposta às pessoas de menor renda.
Qualquer pessoa que se aprofunde na avaliação das condições de vida da grande maioria das pessoas vitimadas pelos desastres climáticos irá concluir que seus locais de moradia eram inadequados para neles construírem suas casas e ali fixarem residências.
São locais sujeitos a inundações, com topografia íngreme sujeita a desmoronamento, solo arenoso propício a erosões etc. São terrenos sem valor e indesejados por outrem de maior poder aquisitivo. São parcelamentos clandestinos, sem acompanhamento do município e consequentemente sem acesso aos serviços de abastecimento de água, sem coleta das águas das chuvas, sem coleta de esgotos e na maioria das vezes sem coleta de lixo.
Em 2019 a Fundação João Pinheiro estimou o déficit habitacional no Brasil em 5,8 milhões de unidades. Há que se considerar que muitas das moradias atingidas pelos desastres ocorridos neste ano eram consideradas adequadas.
Estas tragédias podem e devem ser evitadas. Cumpre aos municípios promoverem o ordenamento territorial, estabelecendo as áreas de ocupação urbana e dotando da infraestrutura necessária. Cumpre à sociedade promover a inclusão de toda a população, fazendo chegar a todos, os meios de se manterem e de residir com conforto e segurança.
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