Velhas Práticas na Saúde
Dona Lia é hipertensa, usa medicação controlada e, por sua renda, tem acesso à farmácia popular que distribui remédios, de uso continuo, gratuitamente. A exigência para obter de graça os remédios para hipertensão e para diabetes é a apresentação de um documento com foto, o CPF e a receita médica.
A distribuição de medicamentos é um programa federal. Há, em todo o país, 15 mil farmácias conveniadas. São distribuídos 24 tipos de remédios para hipertensão, asma, diabetes, rinite, mal de Parkinson, osteoporose e glaucoma, além de fraldas geriátricas.
Dona Lia é usuária do sistema de saúde do Distrito Federal, inscrita em um Posto de Saúde, onde mantém prontuário e onde foi diagnosticada como hipertensa. Para obter a medicação de uso continuo ela deve fazer consultas periódicas naquele Posto de Saúde.
Para marcar uma consulta ou exame ela deve se dirigir ao Posto de Saúde na madrugada de um dos dias indicados para o atendimento e disputar uma senha. Caso ela não obtenha a senha ficará sem a consulta e sem a medicação. Dona Lia já foi ao posto mais de uma vez e não obteve a senha. As senhas são poucas, as Lias muitas.
A Secretaria de Saúde em mais de uma oportunidade anunciou a criação de um sistema de marcação de consultas pelo telefone. Também anunciou a criação de cartão único contendo o histórico médico do paciente de forma a tornar mais efetivas as consultas.
A marcação de consultas e exames por senha provoca a redução de pessoas nos Postos de Saúde. Quem não obtém a senha não irá ao Posto e, portanto, não será demanda reprimida. A própria exigência da senha, só obtida para quem chega de madrugada, exclui muitos, que por algum motivo, chegam depois dos primeiros.
Sabe-se que a saúde no Distrito Federal foi vítima durante muitos anos de desmandos e condutas condenáveis, mas não é admissível que tais práticas ainda se mantenham. O acesso à saúde é um direito. O Distrito Federal não pode desfazer políticas federais criando barreiras ao seu acesso.
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