Voluntarismo e Mortes no Eixão
Mais um trágico acidente automobilístico provoca a manifestação daqueles voluntaristas que sempre buscam o remédio óbvio, mas nem sempre o mais correto. Parecem até com o lavrador que cortou o pé do burro que lhe deu um coice e depois ficou sem o burro.
A proposta da hora é fazer um muro no centro da pista separando os fluxos em sentidos opostos. Isso porque ocorreram dois acidentes fatais no Eixão: uma batida frontal e uma colisão contra uma árvore.
Vale lembrar que as vias que ligam o Plano Piloto às Cidades Satélites são chamadas estradas parque. Elas têm essa denominação porque eram ladeadas por leiras compactas de árvores em ambos os lados. Após um acidente de um carro que colidiu com uma árvore resolveram retirá-las todas. Consultado, Lucio Costa teria argumentado que se assim fosse, os postes de iluminação teriam que ser abatidos. Há quem diga que o corte das árvores interessava a empresas.
O episódio dos acidentes lembra os atropelamentos no Eixão. Já se falou em construir cercas nos lados como mecanismo para obrigar as pessoas a usarem as passagens. O povo não as usa por cautela. Preferem se expor ao tráfego a passarem sob as pistas.
A propósito, vale lembrar o filme “Irréversible” dirigido por Gaspar Noé em 2002, com a participação de Vincent Cassel, Albert Dupontel e Monica Bellucci. O filme trata de uma agressão a uma jovem mulher numa passagem subterrânea em Paris. Cito o filme para lembrar que o risco das passagens subterrâneas não ocorre só em Brasília.
O bom senso indica que o Eixão é mais seguro que a maioria das estradas brasileiras que operam em mão dupla, isto é, os veículos trafegam nos dois sentidos. Nas estradas a velocidade é maior e os riscos também e não se fala em fazer nelas um muro. A solução parece ser a redução da velocidade fazendo com que os acidentes, redundem apenas em danos materiais. Quanto às passagens subterrâneas seria mais adequado oferecer segurança com a presença de policiais. Assim humanizaríamos o Eixão.
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